Curiosamente, apesar do conceito de fé existir nas escrituras desde os primeiros dias da raça humana, a palavra "fé", do hebraico "emuná", só é traduzida pela primeira vez nas escrituras, com este sentido, no livro de Habakuk conforme aparece abaixo:
|
|
|
|
| Habakuk 2:4
|
"Eis aqui um soberbo, sua alma não é reta nele; e um justo (que) em sua fé viverá".
|
|
|
|
|
|
A palavra "emuná", com outros sentidos, como fidelidade, confiança, lealdade, etc, é utilizada anteriormente ao livro de Habakuk; contudo, para este estudo, nos interessa o conceito de fé, conforme o texto de Habakuk nos apresenta. Percebemos que a fé, como menção nas Sagradas Escrituras, é posterior à Torah (Lei), onde ela não ocorre com este sentido, porém anterior ao Novo Testamento, embora seja um conceito estabelecido muito antes de sua primeira ocorrência escritural. Hebel (corrompido como 'Abel') é o primeiro homem referido nas escrituras, em Hebreus, com referência ao exercício da fé. Isto é anterior a qualquer acontecimento terreno mencionado nas Sagradas Escrituras, após a queda do homem.
É bom destacar que a palavra hebraica "emunáh" traz em si diversos significados, que de forma alguma estão separados da fé, quais sejam: veracidade, sinceridade, honradez, retidão, fidelidade, lealdade, seguridade, crédito, firmeza e verdade. Diante de todos estes significados, podemos compreender melhor as razões pelas quais o Criador YAOHUH (IÁORRU) nos diz que sem "emunáh" é impossível agrada-lO.
Fé e Obras
Tem-se afirmado que há contradição entre Paulo e Tiago, com respeito ao lugar que a fé e as obras geralmente tomam, e especialmente em relação a Abraão (Rm 4.2; Tg 2.21).
Fazendo uma comparação cuidadosa entre os dois autores, acharemos depressa que Tiago, pela palavra fé, quer significar uma estéril e especulativa crença, uma simples ortodoxia, sem sinal de vida espiritual. E pelas obras quer ele dizer as que são provenientes da fé. Nós já vimos o que Paulo ensina a respeito sa fé. É ela a obra e dom de Deus na sua origem, e não meramente na cabeça; é uma profunda convicção de que são verdadeiras as promessas de Deus em Cristo, por uma inteira confiança Nele; e deste modo a fé é uma fonte natural e certa de obras, porque se trata duma fé viva, uma fé que atua pelo amor (Gl 5.6).
Paulo condena aquelas obras que, sem fé, reclamam mérito para si próprias; ao passo que Tiago recomenda aquelas obras que são a conseqüência da fé e justificação, que são, na verdade, uma prova de justificação. Tiago condena uma fé morta; Paulo louva uma fé viva. Não há pois, contradição. A fé viva, a fé que justifica e que se manifesta por meio daquelas boas obras, agradáveis a Deus, pode ser conhecida naquela frase já citada: "a fé que atua pelo amor".